quinta-feira, 4 de março de 2021

Com hospitais lotados, cearenses têm dificuldade de acesso a leitos de UTI mesmo sob ordem judicial

O colapso do sistema público de saúde já é realidade, de novo, em Fortaleza. Pedidos de transferências de pacientes com quadros graves de Covid-19 a leitos hospitalares de UTI ou enfermaria se acumulam sem respostas, mesmo quando vêm em forma de decisão da Justiça do Ceará.

A ocupação de leitos de UTI para adultos chega, na manhã desta quinta-feira (4), a 92,7%; das vagas infantis, 61,2% estão ocupadas; e das neonatais, 80,7%. Já as enfermarias para adultos têm 75% da capacidade já esgotada, taxa igual à de leitos infantis ocupados.

Esperando desde domingo (28) e com a liminar judicial na mão desde a última terça-feira (2), a dona de casa Meire Rose da Silva, 38, amargava, até a manhã de hoje (4), uma espera indefinida por transferir o pai de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a um leito de UTI. 

José Adeodato Alves da Silva, 73, chegou à UPA com virose e suspeita de AVC – até que contraiu Covid e teve o quadro agravado. “Ele tava fazendo tratamento pra pneumonia em casa, mas piorou, começou a sentir falta de ar. Levamos pra UPA e já ficou internado. Está entubado, só nas mãos de Deus, porque o médico e a juíza já pediram transferência de extrema urgência, porque meu pai tem risco de morrer”, lamenta.

A decisão judicial, obtida por Meire através da Defensoria Pública do Estado, sequer estabeleceu prazo para a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) transferir o paciente: o processo deveria ser imediato, diante do “altíssimo risco de morte”, como cita o documento.

Diário do Nordeste

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