quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Com um acordo fechado, Estado negocia com segunda refinaria

Depois de duas tentativas frustradas, o Ceará agora espera receber não só uma, mas possivelmente, duas refinarias. Além de anunciar um acordo de entendimento com a Noxis Energy ontem (16) para a implantação do empreendimento na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), o Governo do Estado ainda trabalha, em paralelo, para atrair uma segunda refinaria, de acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior.

Mesmo no primeiro projeto, um pouco mais avançado, a administração estadual ainda está conversando com a empresa para projetar os potenciais de evolução do empreendimento, que deverá contar com um investimento inicial de R$ 4,240 bilhões e focar a produção em combustível marítimo. Já a segunda unidade, que deverá ser focada na produção de combustíveis para abastecer o mercado interno, com gasolina e diesel, ainda está em fase de prospecção, sem previsão de confirmação para um novo acordo.

Esses processos, segundo Maia, ainda devem demorar, considerando a evolução gradativa da economia. De acordo com o secretário, o esforço para atrair esse tipo de investimento é importante para fomentar o fortalecimento de uma indústria petroquímica não só no Ceará, mas na região Nordeste. Com o desenvolvimento desse mercado, além de potencialmente reduzir os custos dos derivados de petróleo, há a oportunidade de impulsionar outros tipos de negócios.

Apesar da perspectiva de longo prazo, a nova refinaria da Noxis Energy deverá gerar pelo menos 150 empregos diretos e 3 mil indiretos durante a instalação. Já na fase de operação, Maia Júnior indicou que os processos deverão ter um caráter tecnológico avançado, dependendo bastante de automação e robótica.

"Eu participei dos projetos anteriores, e o meu sentimento, dessa vez, está mais favorável por conta desse projeto estar associado a uma lógica de mercado muito forte. Serão 150 empregos diretos para que a refinaria funcione em três turnos. Esse projeto vai funcionar com um processo de altíssimo grau de automação e robótica", disse o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet).

Produção

Inicialmente, a refinaria da Noxis deve focar a produção em óleo combustível marítimo (bunker), e terá uma de refino de 50 mil barris por dia (BBL/dia). A previsão é de que, quando totalmente implantada, a produção chegue a 1,5 milhão de toneladas por ano de combustível, até 2025.

Mas a produção deverá focar o abastecimento, pelo menos em etapas iniciais, do mercado externo. O secretário explica que 80% da produção da Noxis já está confirmada para venda externa. Ele ressalta que, pelas características do modelo de negócio, a ZPE foi um dos pontos fundamentais para a escolha do Ceará para levar a refinaria.

Segundo especialistas consultados, a Noxis trabalhava com pelo menos três projetos de refinarias no Brasil: em Sergipe, Espírito Santo e Maranhão. Por conta das vantagens oferecidas pela ZPE Ceará, a empresa acabou trazendo a unidade que iria para o Maranhão ao Estado. Negócios implantados em ZPEs recebem diversos incentivos fiscais, como suspensão de impostos e ter uma certa liberdade cambial.

"A ZPE foi definidor para a vinda da Noxis. O porto do Pecém também foi definidor, além dos avanços do Ceará em infraestrutura e educação nos últimos anos", disse Maia.

O secretário ainda comentou que a refinaria da Noxis poderá expandir as operações no futuro e começar a produzir combustível de aviação.

Além disso, há também há expectativa de que, no futuro, a unidade possa produzir outros derivados de petróleo para abastecer o mercado interno cearense, como gasolina e diesel. Essa etapa do projeto, contudo, segundo Maia, dependerá do desenvolvimento da demanda e do crescimento do poder de consumo no mercado cearense.

"Nós detalharemos o projeto a partir de agora. Conversamos muito sobre a possibilidade de aumentar a participação de movimentação do porto do Pecém em granéis líquidos. Então conversamos a possibilidade deles fortalecerem um hub de combustíveis no Ceará para melhorar o fornecimento no nosso mercado, mas isso demora", explicou.

"Quando aumentarmos a entrada, podemos melhorar a demanda e o suprimento para melhorar os preços. Hoje é o start do trabalho. A partir de agora, eles (Noxis) vão começar a desenvolver os compromissos com o Estado, que em primeiro lugar é construir a refinaria. Tudo pode acontecer, mas depende de demanda", completou Maia Júnior.

Mercado

A busca por empreendimentos que produzam combustíveis para o mercado interno, reduzindo os custos dos produtos nacionais, é justamente o que preocupa o consultor em petróleo e gás, Bruno Iughetti.

Ele ponderou que será importante a manutenção do diálogo constante do Governo do Estado com a Noxis para entender os planos de futuro da companhia, com relação aos planos de expansão e produção de outros derivados após o tipo bunker.

Além disso, Iughetti lembra que a Noxis pode ajudar a impulsionar os negócios de pequenas empresas no setor de extração e exploração de petróleo no Nordeste. Ele citou a 3R, que assumiu o controle dos poços da Fazenda Belém e Icapuí da Petrobras.

"É importante saber quando seria viabilizada a produção de gasolina e diesel, que é o gargalo aqui no Ceará. E é importante saber qual a fonte de fornecimento do petróleo cru para saber quais as intenções de funcionamento", pontua Iughetti.

Em mais um acordo, Estado assina memorando para ter nova refinaria no Ceará. Unidade deverá focar na produção de combustível para navios. Secretaria de Desenvolvimento já trabalha para garantir outra refinaria.

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