quinta-feira, 2 de julho de 2020

Crianças com Zika congênita têm terapias suspensas pela pandemia no Ceará

No Ceará, o tratamento de pacientes com Síndrome Congênita do Zika Vírus foi particularmente afetado com a chegada da pandemia do coronavírus. Unidades de saúde como o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), que é referência no tratamento da síndrome, suspenderam atendimentos presenciais como forma de prevenir a disseminação da Covid-19.

O Ceará contabiliza 114.038 casos confirmados de Covid-19 e 6.203 óbitos em decorrência da doença, segundo dados da plataforma IntegraSUS, atualizados pela Secretária de Saúde do Ceará às 19h16 desta quarta-feira (1°).

Em nota, o hospital afirma que já atendeu 155 pacientes com Zika congênita, e informa que “para evitar o contágio por Covid-19, conforme decretos municipal e estadual, o atendimento ambulatorial foi suspenso e mantido o de emergência 24 horas”. “Os familiares foram comunicados, com o hospital colocando-se à disposição para tirar quaisquer dúvidas”, acrescenta.

De acordo com André Luiz Santos, neurologista do Hias, mães de pacientes continuaram indo para tirar dúvidas e buscar receitas de medicamentos. “A gente atendeu bastante, mas não tem como mensurar quantos por cento. Certamente houve um prejuízo na parada das terapias, mas era inevitável”, avalia.

Segundo o médico, a principal causa de mortalidade de pacientes com esse diagnóstico é por problemas respiratórios, sendo facilmente afetados por gripes, o que os inclui no grupo de risco da Covid-19.

Ele explica que o ‘risco-benefício’ não compensava a manutenção das terapias, mas espera que os atendimentos se normalizem em breve. Até então, pais e pacientes lidam com as consequências da necessidade de interromper a terapia, o que pode causar complicações ortopédicas e motoras, entre outras.

“Afeta os controles de epilepsia, por exemplo, quando se perde o acompanhamento adequado. Descontrole da epilepsia, piora do sono, complicações osteoarticulares, desnutrição em alguns casos, por dificuldade de deglutição. A saída é, na medida do possível, ir voltando a fazer as sessões”, pontua Santos.

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