sexta-feira, 3 de abril de 2020

Homicídios no Ceará crescem 98%; relação com isolamento ainda é incerta

A quarentena decretada no Estado do Ceará desde o último dia 19 de março não vem sendo sinônimo de mais segurança. De 19 a 29 de março deste ano, pelo menos, 125 pessoas foram assassinadas no Ceará. Comparado a igual período de 2019, quando foram registrados 63 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), o número é 98% maior.

De 1º até 29 de março deste ano foram registradas 338 mortes violentas, que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. A estatística de todo o último mês de março ainda não foi consolidada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Há chances de os dados serem ainda maiores, quando somados casos, por exemplo, de vítimas que chegaram a ser socorridas até uma unidade hospitalar e não resistiram aos ferimentos.

O Ceará enfrenta uma onda de violência percebida a partir dos registros da Pasta, antes mesmo de começar o período de isolamento domiciliar. Em janeiro de 2020 a SSPDS contabilizou 265 CVLIs, seguidos por outros 456 homicídios no mês de fevereiro.

O pico de mortes violentas em fevereiro aconteceu enquanto grupos de policiais militares paralisaram as atividades e comprometeram o policiamento ostensivo nas ruas. Fontes ligadas ao setor de Inteligência da SSPDS já presumiam que mesmo após o dia 1º de março, data do fim do motim, não seria tão breve a retomada das rédeas por parte das autoridades.

Longo prazo

O sociólogo e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), César Barreira, considera que é preciso olhar a longo prazo e entender a incidência de uma série de fatores para o aumento de mortes percebido nos últimos dias. Para o especialista, a crescente onda da violência não é uma consequência direta da quarentena e, independentemente desse isolamento social, já era esperada.

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