quinta-feira, 12 de março de 2020

Reclamações sobre energia elétrica e saneamento básico crescem 53% em janeiro no Ceará

Em janeiro de 2020, a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado do Ceará (Arce) recebeu 1.498 reclamações sobre os serviços de energia elétrica e saneamento básico, de acordo com o relatório mais recente da entidade. Do total, foram 1.452 de energia elétrica e 46 de saneamento básico, um aumento de 53% em relação a janeiro do ano passado, quando houve 977 reclames - 926 e 51 em cada área, respectivamente.

A Enel Distribuição do Ceará (Enel) e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), prestadoras dos serviços, declaram que estão comprometidas com a melhoria constante da qualidade ofertada à população. Conforme a Arce, as duas empresas contabilizaram mais de 11,5 mil queixas em 2019, número superior em 132% aos 4,9 mil registrados no ano anterior.

As notificações de problemas de energia mais que dobraram entre os dois anos, passando de 4.520, em 2018, para 10.529, no ano passado. A agência destaca como os principais assuntos a variação de consumo, erros de leitura, falta de energia, entrega de faturas e cobranças indevidas.

Quem conhece a realidade da inconsistência do serviço é Anderson Araújo, 25, que vive na localidade do Farol, em Itarema, no Litoral Norte do Ceará. Por lá, os moradores convivem com transtornos sobre a falta de energia.

“Meu tio tem um comércio e, há poucos dias, perdeu picolés, sorvetes, frangos. Tudo que tinha no congelador foi perdido. Uma vez, nessa falta de energia, fica oscilando muito, queimou uma televisão e não consegui ressarcimento”, conta Anderson.

Como alternativa para evitar prejuízos na produção de camarões e criação de peixes, ele preferiu comprar um gerador. “Às vezes, falta e não volta mais, ou demora pra voltar. Geralmente a galera liga, reclama e, com quatro ou cinco horas, volta o fornecimento normal”, relata. Ele relata ainda que as contas de energia não chegam em casa.

A Enel Distribuição Ceará diz estar trabalhando “nas ações recomendadas pela ouvidora da Arce para a melhoria dos processos e dos indicadores que devem ser concluídas ainda neste semestre”.

Ressalta ainda que, sobre o aumento de queixas no fornecimento em janeiro deste ano, “as fortes chuvas e descargas atmosféricas que atingiram o estado comprometeram o fornecimento de energia em algumas regiões”.

Em relação à variação de consumo e à entrega de faturas, acrescenta que o aumento de reclamações se deve, na maioria, “à mudança do sistema comercial da companhia, que passou por um processo de modernização” em 2019.

De acordo com a Arce, cresceram também as queixas relacionadas a saneamento básico no Ceará. Em 2018, foram 444 registros, contra 995, em 2019 - um aumento de 124%. Nessa área, os destaques vão para problemas de falta de água ou baixa pressão, pedido de ligação de água, cobrança indevida e vazamento na ligação.

'Resultado aceitável', diz Cagece
Responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário em 152 municípios do estado, 1,8 milhão de clientes, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que “em termos comparativos, o número de reclamações informadas pela Arce representa 0,05% do total de clientes, o que pode ser considerado um resultado aceitável”.

Segundo a companhia, um monitoramento é realizado nas redes para acompanhar pressões e identificar vazamentos, além de equipes técnicas em atuação 24 horas por dia para a correção de problemas no abastecimento em Fortaleza e Região Metropolitana. “Nos últimos anos, a empresa intensificou e aumentou as equipes de caça vazamentos, o que proporcionou a redução do tempo de retirada de vazamentos para 8 horas, em média, um terço do tempo exigido pelas agências reguladoras”, cita a nota.

Segundo a Arce, a média de encerramento das queixas gira em torno de 7 dias, para energia elétrica, e 17 dias, para saneamento básico.

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