segunda-feira, 23 de março de 2020

Discutir eleições agora é desviar o foco do combate à pandemia

A sugestão dada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de adiar as Eleições deste ano, previstas para outubro, não foi bem vista pelos gestores da Frente Nacional de Prefeitos que participavam da videoconferência com o ministro e com o presidente da República, Jair Bolsonaro. A fala do ministro ocorreu após uma reclamação do prefeito de Belém, capital do Pará, que tem problemas políticos com o governo do Estado do Pará. Depois da argumentação do ministro, durante a “live”, o presidente da Frente, Jonas Donizette, cortou o assunto ao alertar que o motivo da reunião seria o de alinhar ações a serem adotadas pelo Governo Federal e pelos municípios para o enfrentamento do coronavírus e não o de discutir cenários eleitorais prováveis ou improváveis.

Responsabilidade

Na crise do coronavírus, os gestores públicos precisam tomar medidas duras, algumas vezes, impopulares. Faz parte. Governar, muitas vezes, não é um ato de simpatia, mas de responsabilidade. A observação do ministro, neste sentido, pode ter tido a intenção de livrar prefeitos do desgaste eleitoral e deixá-los mais livres para comandar as ações necessárias na pandemia. Mas o fato é que não é momento para se falar em eleição. Não é demais lembrar que o partido que o presidente Bolsonaro pretende criar, o Aliança pelo Brasil, seria beneficiado com um possível adiamento.

Longo processo

No mesmo sentido do prefeito, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que é uma discussão completamente equivocada. É preciso lembrar que a data das eleições está prevista na Constituição Federal. Qualquer mudança neste sentido teria que ser feita por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), o que exige muito debate e, claro, um quórum qualificado.

Inácio Aguar
colunista Diário do Nordeste

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