Prática que funciona como uma espécie de caderneta de poupança do campo, os bancos de sementes ajudam a preservar as culturas agrícolas locais contra o uso de produtos químicos ou mudanças climáticas abruptas. Prestes a completar 82 anos, o agricultor Juvenal Januário Matos é um desses “guardiões de sementes” no Ceará.
Uma lei aprovada na Assembleia Legislativa do Ceará, em dezembro do ano passado, torna o Estado responsável por promover a criação de novos bancos comunitários de sementes.
No Crato, município da região do Cariri, onde mora com os filhos e a esposa, Juvenal cuida de um banco de sementes há 22 anos. O trabalho do agricultor é de resistência. Ainda com o céu escuro, ele caminha até a roça, onde conserva um estoque com uma variedade de aproximadamente 50 sementes crioulas. “Ela garante uma reprodução, resiste à estiagem e às pragas e é mais saudável para a gente”, defende Januário.
Só de milho, são seis amostras, mas a variedade vai além. Há exemplares de feijão, fava, arroz, gergelim, amendoim e até algumas frutas.
A ideia de criar o banco de sementes surgiu em 1986, quando participava do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Crato, mas, após muitas tentativas, o projeto do banco de semente só saiu do papel em 1997, quando plantou sozinho e conseguiu colher 200 kg de sementes de todas as variedades. No ano seguinte, a casa foi oficializada e batizada Casa de Sementes Senhor do Exército. “É o criador da natureza, o pai. O senhor que resolve. Estamos em batalha, a luta é nossa (dos agricultores), mas a vitória é por ele”, explica.
O agricultor recebe visitantes de todo o Brasil para repassar seus conhecimentos sobre bancos de sementes. No ano passado, Juvenal recebeu produtores do Maranhão, que pediram autorização para criar no estado um espaço semelhante. “Fiquei feliz em ajudar”.
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