quinta-feira, 23 de maio de 2019

Conheça os temas das quadrilhas que vão se apresentar no Arraiá do Ceará 2019

Os passos precisam estar coordenados com a música, assim como o figurino ajustando e bem resolvido com o cenário. Tudo isso para contar uma história que tem total conexão com o Nordeste e, principalmente, com os sertanejos. A chegada do São João, a maior festa popular da Região, impõe uma maratona de festivais de quadrilha que lota as agendas dos dançarinos por dois meses.

Um dos mais esperados, pelo tamanho da competição, é o Arraiá do Ceará, que acontece entre os dias 14 e 16 de junho, no estacionamento do Shopping Iguatemi, em Fortaleza.

Promovida pela TV Verdes Mares, a competição garante ao vencedor a oportunidade de representar o Ceará no São João do Nordeste, festival organizado pela Rede Globo, em Pernambuco, que escolhe o melhor grupo da Região. Para essa disputa acirrada, os concorrentes definem uma temática que vai orientar a agremiação nas apresentações na arena, desde a música até o casamento matuto. Neste ano, as 15 quadrilhas selecionadas para a disputa trazem narrativas sobre a relação com a seca, personalidades locais e cultura sertaneja.

Vencedora do festival no ano passado e vice-campeã do São João do Nordeste, a Junina Babaçu volta para competição com uma homenagem ao projeto Grande Encontro, que reuniu no palco Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Alceu Valença e Zé Ramalho. A ideia do grupo fortalezense é valorizar os cantores nordestinos ao destacar as músicas interpretadas por eles. "A gente quer contextualizar a poesia, as histórias e as memórias desses artistas dentro do São João", considera o diretor de criação, Erick Barbosa.

A ideia, segundo ele, já vinha sendo amadurecida há dois anos, mas só agora o grupo se sentiu seguro para encarar o desafio. A proposta é vista assim, porque até então a Junina Babuçu tinha escolhido apenas temáticas históricas e, dessa vez, a ideia é investir em um tema mais lúdico.

"A gente ainda não tinha trabalhado um tema assim. É a primeira vez que trazemos uma homenagem pelo contexto poético e isso é desafiador. Mas o público vai encontrar uma Junina Babaçu tentando emocionar de novo, agora, em forma de poesia musical", afirma Erick.

Despedida

Quem também entra na arena com uma proposta provocadora para os integrantes é a vice-campeã do ano passado. A Cheiro de Terra quer mostrar as peculiaridades da cultura da comunidade quilombola de Alto Alegre, localizada em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. Com essa temática, o conjunto quadrilheiro se despede das arenas, após 22 anos de apresentações no São João.

"Sempre falamos de temas regionais e que tinham a ver com a nossa realidade de alguma forma. Na nossa última apresentação, quisemos nos voltar para a nossa cidade. A forma de fazer isso foi através dessa comunidade quilombola", explica o coordenador da quadrilha, Erison Santos.

Segundo ele, a decisão de encerrar os trabalhos do grupo surgiu após repetidas dificuldades financeiras e de encontrar pessoas que atuassem no conjunto. O clima, como descreve o coordenador, é de despedida, mas o grupo vai para as competições com o interesse de surpreender.

"Como é nosso último ano, a gente tem sim a vontade de conquistar o título, como aconteceu em 2014, e representar nosso estado no São João do Nordeste", afirma Erison.

O objetivo não é diferente dos integrantes da quadrilha Arriba Saia, grupo do município de Várzea Alegre, que integra a disputa. No ano passado, o conjunto ficou com o terceiro lugar no Arraiá do Ceará. Foi a melhor posição alcançada pela quadrilha desde que começaram a disputar. "De certa forma isso cria uma expectativa na gente e também muita responsabilidade", dimensiona um dos coordenadores do grupo, o coreógrafo Érico Bastos.

Neste ano, a proposta da Arriba Saia é reverenciar o trabalho do artista plástico Arthur Bispo do Rosário. A ideia é focar nas obras de Bispo com referências no cenário e no figurino. O grupo também pretende dar vida a alguns trabalhos do artista, valorizando os mantos e os bordados que marcam o conjunto artístico de Bispo. "Ele foi um nordestino, negro, pobre e esquizofrênico que nos deixou uma obra importantíssima. Merece ser falado no São João e poucas quadrilhas falaram da obra dele antes", justifica Érico.

Temas

Sol Nascente (Iguatu)
Pra que serve esta vida?

Nova Emoção (Maracanaú)
A música que canta a pobreza e um sol que brilha para todos: Qual o seu valor?

Junina Brisa do Sertão (Canindé)
Sonho de liberdade

Guaradrilha (Guaraciaba do Norte)
O pão nosso de cada

Junina Pé Quente (Fortaleza)
No chiado da chinela

Brilho do Sertão (Fortaleza)
Ando vestido de amor

Nação Nordestina (Juazeiro do Norte)
Nação Nordestina em um São João à bordo do expresso Sonho Azul

Tradição da Roça (Fortaleza)
Memórias que nunca esqueci

Cheiro de Terra (Horizonte)
Alto Alegre: A resistência do povo quilombola

Terra do Sol (Caucaia)
A botija

Arriba Saia (Várzea Alegre)
Visionário, a prova do bispo

Luar Serrano (Ibaretama)
Do fio que virou renda, do barro que mudou o sertão, da palha que virou chapéu, do couro que virou gibão: É assim meu Ceará feito à mão

Luar do Sertão (Sobral)
O sertão vai virar mar de lágrimas e memórias

Filhos do Sertão (Fortaleza)
Amor, festa e a poesia que transforma: Bráulio Bessa, o embaixador do sertão

Junina Babaçu (Fortaleza)
O Grande Encontro

Programação

Sexta – 14/06
19h – Quadrilha Sol Nascente
19h50 – Quadrilha Nova Emoção
20h40 – Junina Brisa do Sertão
21h30 – Guaradrilha
22h20 – Junina Pé Quente

Sábado – 15/06
19h – Brilho do Sertão
19h50 – Nação Nordestina
20h40 – Tradição da Roça
21h30 – Cheiro de Terra
22h20 – Terra do Sol

Domingo – 16/06
19h – Arriba Saia
19h50 – Luar Serrano
20h40 – Luar do Sertão
21h30 – Filhos do Sertão
22h20 – Junina Babaçu

DN Online

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