quinta-feira, 7 de junho de 2018

Sintomas causados pela zika em bebês podem durar até idade adulta, diz estudo

Uma equipe de cientistas liderada por quatro pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu um modelo de pesquisa em camundongos que permitirá estudar pela primeira vez os potenciais sintomas de longo prazo da infecção congênita por zika.

O novo estudo foi publicado nesta quarta-feira, 6, na revista científica Science Translational Medicine, e confirmou que a infecção por zika pode mesmo causar problemas posteriores, mesmo nas crianças que não nasceram com anomalias neurológicas mais graves como a microcefalia. A pesquisa também revelou que uma droga já aprovada para uso comercial mostrou eficácia contra alguns dos sintomas tardios da doença.

Estima-se que de 1% a 10% dos bebês infectados pelo vírus durante a gestação nascem com microcefalia, mas de acordo com os autores da nova pesquisa, as demais crianças, embora tenham nascido com cabeça de tamanho normal, desenvolveram mais tarde alguns dos sintomas associados à zika congênita, como perda de peso, déficit cognitivo e problemas de coordenação motora.

Mas os bebês nascidos durante a epidemia ainda têm menos de três anos de idade e, por isso, até agora não foi possível estudar o impacto de longo prazo da doença, de acordo com uma das autoras da nova pesquisa, a neurocientista Julia Clarke da Faculdade de Farmácia da UFRJ.

“Depois da epidemia no Brasil, falou-se muito de microcefalia, mas aos poucos foi ficando claro que essa é apenas uma das várias alterações que a zika pode causar nos bebês expostos ao vírus. Um pequeno número de crianças que nasceram como perímetro encefálico normal foram examinadas mais tarde e apresentaram algumas dessas alterações, incluindo crises epiléticas”, disse Julia ao Estado.

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