terça-feira, 22 de novembro de 2016

Antigas estações ferroviárias do CE devem ser preservadas

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No passado, a ferrovia mudava as regiões por onde passava. Até chegar ao Sul do Ceará, na cidade de Crato, em 1926, foi a locomotiva a propulsora do progresso e dos sonhos de milhares de cidades interioranas e de seus habitantes. Em cada centro urbano e em algumas localidades cortadas pela estrada de ferro, ficou uma marca: a estação de trem, que atraia moradores em um verdadeiro acontecimento social e econômico.

A maioria das estações ferroviárias está de pé. Após a privatização da antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), algumas foram vendidas para as Prefeituras, que instalaram museus, centros culturais, núcleo de atendimento ao cidadão; outras estão abandonadas. Em decorrência do abandono do ramal Sul (Fortaleza - Cariri), ou seja, o fim do tráfego de trem cargueiro pela Transnordestina Logística, as antigas estações que integram o patrimônio da União, agora estão sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recentemente fez um relatório em que selecionou 50 estações no Ceará, consideradas de valor histórico. Assim, obras de reforma somente podem ser realizadas com anuência e orientação do órgão. "O nosso esforço é para sensibilizar os órgãos públicos para a preservação desse patrimônio, que representa um período da história da expansão econômica do Ceará", disse a superintendente do Iphan, Geovana Cartaxo de Arruda.

Para Geovana Cartaxo, as antigas estações ferroviárias apresentam excelente localização. "Algumas estão bem no centro, no entorno de praças e há múltiplas possibilidades de uso, transformando-as em espaço de inclusão social, museus, centros culturais, unidades de saúde e de gastronomia", frisou.

Implantação

O projeto de implantação da ferrovia no Ceará começou ainda no Império, na segunda metade do século XIX, em 1872, a partir de Fortaleza até Parangaba, um trecho de 7,2Km. Depois seguiu em direção a Baturité. Na época, denominava-se Estrada de Ferro de Baturité. Em 1875 chegou a Maracanaú. No ano seguinte, à Parangaba. Nos anos seguintes, houve a expansão. Os trilhos eram fabricados em Liverpool, na Inglaterra. A Estação de Baturité foi inaugurada em 1882. Em 1909, foi criada a Rede Viação Cearense (RVC).

De Fortaleza até o Crato, linha Sul, são 600Km. A inauguração das estações era o marco central e assinalava a chegada do trem. Em Crato, por exemplo, em 1926, contou com a presença do Padre Cícero Romão Batista. "Era um grande acontecimento social e político da época", observa o memorialista e advogado Getúlio Oliveira.

Preservação

O presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de Piquet Carneiro, Expedito José do Nascimento, recebeu, na quarta-feira passada, em audiência, a superintendente do Iphan, Geovana Cartaxo, com o objetivo de discutir sobre a preservação das estações ferroviárias e sensibilizar os gestores municipais.
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"Vi com o Iphan um projeto para restaurar a estação ferroviária de Piquet Carneiro", frisou Expedito Nascimento. "A nossa ideia é transformar em um centro ambiental, pois o Município vai receber seis torres meteorológicas e a sala de monitoramento poderia ser instalada na antiga estação de trem". Ele informou, ainda, que já solicitou ao Dnit a cessão do imóvel.

A antiga Estação de Iguatu era composta de dois galpões. Um foi adquirido pela Prefeitura e atualmente funciona uma lanchonete. O outro está abandonado e foi totalmente depredado, com furto de fios, portas, lâmpadas, janelas e outros utensílios. O prefeito Aderilo Alcântara disse que solicitou do Dnit a cessão do imóvel, mas ainda não obteve resposta. A ideia era implantar um centro cultural.

A antiga estação de trem de Acopiara permanece há vários anos abandonada. A secretária de Cultura, Adriana Rafaele Barros, informou que o prédio ainda não foi cedido ao Município. "No início da gestão, tentamos conseguir. O projeto era implantar um centro cultural", explicou. Em Iguatu e em Acopiara, caberá aos novos prefeitos decidir o que fazer com os imóveis.

De Baturité ao Cariri

A Estação de Trem de Baturité é um marco. Há vários anos o imóvel foi preservado e virou museu. Em Quixadá, uma obra de restauro foi definida pelo Iphan, mas não foi concluída. Chegou a sediar a Academia Quixadaense de Letras. A estação de Quixeramobim é preservada, utilizada pela Prefeitura como espaço de produção artística. A de Senador Pompeu é cedida à Fundação Santa Terezinha e é preservada. No Cariri, a estação de Juazeiro do Norte está abandonada. Na Estação do Crato funciona o Centro Cultural do Araripe. A unidade de Barbalha foi transformada em um terminal rodoviário.

SAIBA MAIS

As empresas públicas, Estrada de Ferro Baturité e a Estrada de Ferro Sobral, foram fundidas em 1910 e nasceu a Rede Viação Cearense (RVC)

A Estação de Quixadá foi inaugurada em 1891 e a de Quixeramobim, em 1894. Em 1900, o trem chegou a Senador Pompeu

As estações ferroviárias de Acopiara (Afonso Pena) e de Iguatu foram inauguradas em 1910. Após a cidade de Iguatu, a obra da ferrovia continuou em direção a Cedro

O trem somente seguiu depois da construção da ponte metálica sobre o Rio Jaguaribe. A ponte do trem em Iguatu tem dois vãos de 80 m e foi construída pela companhia inglesa 'Brazil North Eastern Railway'.

Caderno Regional
Jornalista Honório Barbosa

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