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Uma chuva fina na madrugada de hoje (05) em Acopiara serviu para amenizar o clima e trazer novas esperanças de um bom inverno este ano. O tempo permanece bastante nublado sobre a Terra do Lavrador com possibilidade de mais chuvas.
Centenário da "Seca do 15"
Este ano completa o centenário de uma das secas que mais assolou o nordeste brasileiro: a seca do ano de 1915, mais conhecida como Seca do 15. Tal data foi tão traumática, face à desgraça sofrida pelo nordestino do semiárido, que até hoje é lembrada como sinônimo de sofrimento, de retirante, de fome e de miséria. Este cenário serviu de inspiração para o ingresso de Rachel de Queiroz, a primeira mulher da Academia Brasileira de Letras, na literatura, ao retratar todo o flagelo da seca daquele período. 100 anos após tal martírio, o sertanejo, com os olhos encharcados, vislumbra os céus na esperança de encontrar algum sinal de chuva, rogando a Deus que, em mais um milagre, desminta os prognósticos científicos dando conta de mais um ano com uma quadra chuvosa abaixo da média, completando três anos seguidos.
Sem, talvez, a mesma fé de outrora, eis que cada vez mais raro as procissões, um cenário um pouco diferente, é bem verdade, desta feita com motocicletas substituindo cavalos; benefícios sociais garantindo uma renda mínima, evitando, assim, saques no comércio e retirantes; algumas ações de cisternas e barragens; o que amenizam o sofrimento, a seca ainda é um fato que, por ausência de decisão política mais contundente e firme, tem ensejado sofrimento nos rincões deste sertão. Toda uma economia construída em muitas famílias sertanejas durante uma vida está sendo desfeita com esta situação climática, restando, às vezes, somente dívidas.
O certo é que, mesmo sabendo ser a seca um fenômeno natural e cíclico no semiárido, com reiteradas histórias de sofrimento, contadas principalmente pela literatura, é lamentável que, apesar do advento de todo um aparato tecnológico, essa problemática de convivência no semiárido ser tratado sem a prioridade merecida, especialmente pela classe política, de todas as esferas, apesar de referido tema ser recorrente na retórica desde os tempos imperiais, deixando dividendos políticos, o fato é que as ações concretas são menores ao anunciado, além de que prevalece, ainda, a chamada “indústria da seca”. Apesar de o sertanejo, como afirmou Euclides da Cunha em Os Sertões, ser, antes de tudo, um forte, por ser sinônimo de resistência a todas as adversidades, desde as naturais como as climáticas até mesmo as estruturas arcaicas de poder marcada pelo “paternalismo”, com novas “roupagens” de apadrinhamentos políticos, é mais do que na hora de retirar das páginas de nossa história a perpetuação de sofrimento decorrente da falta de água, que é, indubitavelmente, fruto muito mais de decisões políticas do que entraves técnicos.
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