domingo, 24 de fevereiro de 2019

Redução no volume do Açude Trussu, em Iguatu, afeta a qualidade da água

O reduzido volume acumulado no Açude Trussu (3,81%), que abastece as cidades de Iguatu, Acopiara e algumas localidades rurais, contribui para perda da qualidade da água que apresenta odor e, em algumas vezes, cor amarelada. A preocupação dos moradores é com o risco de colapso no sistema de fornecimento de água, já que a última recarga substancial de água do reservatório foi em 2012.

Em recente reunião da Comissão Gestora do Açude Trussu, os técnicos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Iguatu explicaram o esforço que o órgão faz para manter a qualidade da água, adicionando no sistema de tratamento mais quantidade de cloro e de peróxido de hidrogênio. Os moradores reclamam que a água que chega às torneiras apresenta odor e deixa as velas dos filtros mais sujas com facilidade. "Tem cheiro de lama e está mais grossa, entupindo os chuveiros mais rapidamente", disse a dona de casa Francisca Lopes, moradora do bairro Flores. "Lavava o filtro uma vez por mês, mas agora é toda semana", completou.

Os técnicos do Saae decidiram adicionar peróxido de hidrogênio na caixa que recebe água do Açude Trussu, e que por meio de adutora chega à Estação de Tratamento de Água (ETA), no bairro Cocobó. "É um produto químico muito utilizado no sistema de tratamento da Sabesp, em São Paulo, dá bons resultados", disse o coordenador técnico do Saae, Marcílio Cosme.

O produto tem efeito para eliminar algas e apresenta vantagens por não introduzir contaminantes, decompondo-se espontaneamente em água e oxigênio. Recentemente, o Saae com apoio de um técnico da Cagece discutiu melhorias no sistema de tratamento da água fornecida à população. "Houve uma cooperação técnica informal entre os dois órgãos e buscamos aperfeiçoar e modernizar o sistema de tratamento para melhorar a qualidade da água distribuída à população", explicou o técnico Mauro Sampaio.

Marcílio Cosme disse que após o uso do peróxido de hidrogênio houve melhoria na qualidade, facilidade na decantação das matérias orgânicas e filtragem da água na ETA Cocobó. "A água que chega à torneira está mais límpida", pontuou. Conforme explicou o coordenador do Saae, a preocupação "não é tanto com a quantidade da água, que até está reduzida no Trussu, mas com a qualidade". A situação, segundo Marcílio, tende a piorar cada vez mais com o passar do tempo e redução do volume.

De acordo estimativas do Saae, mesmo que não ocorra recarga no reservatório na atual quadra invernosa, a captação no Trussu estaria assegurada até julho de 2020. O consumo de Iguatu é de 730 mil litros por hora, cerca de 5 milhões de metros cúbicos por ano. O açude tem atualmente 10 milhões de m³, mas também existe a perda por evaporação semelhante ao consumo e a liberação para atender a demanda de Acopiara.

O Saae já solicitou ao Governo do Estado, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos, a perfuração de 10 poços rasos na bacia do Rio Jaguaribe e a instalação de uma adutora com 1,5 km de extensão até a ETA Cocobó. Recentemente, houve a limpeza de outros 10 que estão em operação para complementar o abastecimento da cidade.

Diário do Nordeste

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