quarta-feira, 3 de outubro de 2018

CE utiliza metade da capacidade de seus mamógrafos

O Ceará tem uma rede de atendimento para realização de mamografia que é subutilizada. São 80 mamógrafos da rede pública ou privada conveniada, cada equipamento com capacidade para realizar até 880 exames mensais caso o funcionamento se dê nos dois turnos e se considerados somente os dias úteis. Esse é o levantamento apresentado pelo médico Luiz Porto, mastologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), que conclui que cerca de 50% da oferta é requerida.

No Estado, são 1,405 milhão de mulheres com 40 anos ou mais, conforme o IBGE.

O mamógrafo do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), por exemplo, tem uso diário médio de 20 exames. A capacidade de é fazer o dobro, 40. "O que nos chama a atenção é que a quantidade de mulheres que procuram o serviço é aquém da capacidade. A busca por mamografia é muito baixa, embora haja uma certa insatisfação com a Rede de Atenção Primária", afirmou Luiz Porto, em coletiva, na manhã de ontem, na sede do Crio, no bairro Álvaro Weyne.

A baixa quantidade de exames apontada pelo mastologista tem duas razões principais. A primeira é a centralização dos mamógrafos em cidades com alta densidade populacional embora presentes em todas as regiões do Estado e a segunda, o medo de descobrir a doença. "Temos mamógrafos suficientes. Na Região do Cariri (no sul do Estado) e em Crateús (a 359 km de Fortaleza), por exemplo, temos uma boa cobertura. Mas a mulher tem medo da palavra câncer. Aquela frase 'quem procura, acha' tem força nesse momento", diz o médico.

Um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia concluiu que o percentual de cobertura mamográfica de 2017 nas mulheres entre 50 e 69 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é o menor dos últimos cinco anos. Eram esperadas 11,5 milhões de mamografias. Foram realizadas 2,7 milhões. Uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No Brasil, a SBM, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos. Já o Ministério da Saúde (MS) preconiza o rastreamento bianual a partir dos 50 anos.

A exceção é para mulheres com casos da doença em parentescos de até segundo grau. De acordo com Luiz Porto, para quem tem mães, irmãs ou avós com câncer de mama, é preciso começar a realizar o exame mais cedo, entre 30 e 35 anos.

Na rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) há 19 policlínicas regionais que devem facilitar o acesso das mulheres à mamografia, sem precisar que elas se desloquem para a Capital ou outras regiões mais distantes de casa.

Neste ano, até junho, 21.497 mamografias foram realizadas nas 19 policlínicas regionais, segundo a Sesa. O acesso ao atendimento é por meio da Central de Regulação, sendo as pacientes encaminhadas pelas unidades básicas de saúde do município onde residem. Ainda na rede da Sesa, há o Instituto de Prevenção do Câncer (IPC), unidade secundária que atende pacientes encaminhadas pelas unidades básicas de saúde. Neste ano, até 25 de setembro, 4.105 mamografias tinham sido realizadas no IPC.

O POVO 

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