terça-feira, 14 de agosto de 2018

Menina com paralisia ganha na Justiça direito de receber remédio à base de maconha: 'estamos esperançosos', diz mãe

Com diagnóstico de paralisia cerebral e sofrendo constantes convulsões, Ana Júlia Rocha de Oliveira, de seis anos, conseguiu no dia 27 de julho decisão judicial que garante o fornecimento pelo sistema público de saúde de um medicamento à base de canabidiol, substância extraída da Cannabis sativa, nome científico da maconha. Este foi o primeiro caso no Ceará em que uma família assistida pela Defensoria Pública conseguiu acesso a esse tipo de medicação.

Ana Júlia mora em Pacoti, região da Serra de Baturité, no Ceará. Desde os dois anos de idade, ela sofre de quadros epilépticos que segundo a mãe, Rita Helena Rocha Lima, acabam regredindo os avanços no tratamento. "Quando ela escuta qualquer barulho muito alto, como se tomasse um susto, ela entra em um quadro de epilepsia que dura cerca de 1 a 2 minutos. Ela chega a ter 30 convulsões por dia", relata.

Depois de tentativas de tratamentos com diversos remédios, incluindo inibidores do sistema nervoso e anticonvulsionantes diários, Ana Júlia fez uso de uma amostra da medicação à base de canabidiol, em junho deste ano. A partir daí houve uma melhora significativa, quando o número e a intensidade das crises diminuíram significativamente.

"Os quatro últimos anos têm sido de experiência em remédios. Ela já testou todas as outras combinações de medicamentos e não têm resultado positivo. A médica que a acompanha desde os dois anos de idade foi a um congresso em São Paulo e conseguiu uma amostra de canabidiol. Na semana em que ela tomou, as crises diminuíram, chegou a passar um dia sem ter nenhuma convulsão", conta Rita Helena.

A mãe, professora que trabalha como secretária escolar, relata que já conhecia o tratamento com canabidiol por reportagens na televisão e por ter pesquisado na internet sobre o assunto, mas o alto custo da substância a impossibilitava de pagar o remédio para a filha.

"Tentei comprar, mas descobri que uma seringa do medicamento custava quase novecentos reais. Fiquei angustiada por não possuir esse dinheiro, pois eu precisaria gastar esse valor a cada quatro dias. Então começamos a ver a possibilidade de conseguirmos na Justiça", diz.

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