domingo, 15 de julho de 2018

Redução de mortes no Ceará anima, mas é preciso cautela

Pelo terceiro mês seguido, o Ceará reduziu o número de mortes violentas em relação a igual período do ano passado. Apenas em junho, a queda foi de 19% nos homicídios no Estado. A taxa de decréscimo é maior em Fortaleza. No mesmo intervalo, a Capital fez cair o índice de assassinatos em 38,6%, puxando a trajetória de queda das estatísticas gerais.

Vistos unicamente sob a perspectiva do último trimestre, os números animam e podem sugerir acerto das políticas de segurança, sobretudo depois das chacinas dos bairros Cajazeiras e Benfica, ambas neste semestre. Somadas, só as duas matanças resultaram em 21 mortos.

No acumulado do semestre, porém, o Ceará registra crescimento de 3,5% na curva de homicídios. Foram 2.380 mortes neste ano e 2.299 em 2017. Apenas Fortaleza (12,8%) e a região sul (9,6%) do Estado conseguiram derrubar os dados de assassinatos. Nesse mesmo período, houve aumento de 21,2% de mortes na Região Metropolitana.

Contrastadas, há duas realidades que desafiam o Governo do Estado: uma que mostra os efeitos positivos dos recursos empregados até agora no combate à criminalidade, principalmente na Capital, onde os Crimes Violentos Letais Intencionais (terminologia utilizada pela Secretaria da Segurança Pública) tiveram redução drástica.

Nessa hipótese, é cedo ainda para comemorar os índices, devendo-se aguardar pelo menos mais um trimestre para que se possa estabelecer um cotejamento preciso.

A outra realidade pode apontar para a migração do crime, que, asfixiado na capital cearense ante ações mais efetivas das polícias Militar e Civil, teria alterado a sua geografia, passando a atuar com mais frequência agora nas regiões desguarnecidas do Interior.

Embora não tenha relação com as facções criminosas, a chacina registrada ontem no município de Palmácia, que deixou cinco mortos, pode ser indício dessa mobilidade do banditismo no Estado.

Daí a importância de, sem descurar dos avanços já constatados na Capital, reforçar o setor de inteligência no Interior, num esforço de complementaridade das ações a fim de reduzir os assassinatos no restante do Estado.

O POVO 

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