sábado, 24 de março de 2018

Três suspeitos morrem após ataque à Secretaria de Justiça do Ceará

Em Fortaleza, a polícia trocou tiros com bandidos que atacaram a sede da Secretaria de Justiça do estado do Ceará.

Era 1h30 deste sábado (24) quando criminosos passaram atirando contra o prédio. O secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, disse que o policiamento tinha sido reforçado porque o ataque à sede da Secretaria de Justiça já era esperado. “Eles começaram a efetuar disparos, tentaram lançar uma granada. Foi o momento em que nossos policiais reagiram à altura”.

O tiroteio durou pelo menos cinco minutos e assustou a vizinhança. “Foram umas duas bombas para depois começarem os tiros. Foi assim, filme de terror”, diz uma testemunha que não quis se identificar.

Três suspeitos morreram. Eles ainda não estão nas estatísticas que registraram mais de mil mortes em apenas dois meses e meio no estado do Ceará. Em 2018, o número de vítimas é quase 40% maior do que o registrado no mesmo período de 2017.

O operador de caixa Carlos Vitor, baleado na chacina que deixou sete mortos neste mês em Fortaleza. "A gente não consegue acreditar, ainda mais dessa forma que a gente nunca esperava", conta um homem que não quis se identificar.

Foram quatro chacinas em 2018 no Ceará. Entre elas, a maior registrada no estado, com 14 mortos numa casa de forró. As chacinas ganharam repercussão e a promessa do governo de empenho para esclarecimento do crime. Mas, em 2018, no Ceará, são, em média, 14 mortes por dia e a maioria dos casos fica sem solução.

O neto de um homem foi baleado na saída de um show em Fortaleza. Tinha 18 anos, estudava e fazia curso de design gráfico. Agora, a família toda tem medo dos criminosos que continuam à solta. "Não existe proteção. É muita gente para proteger. E quem vai proteger?", questiona o avô.

Em março, foi anunciada a instalação de um centro de inteligência no Ceará para investigar ações do crime organizado, mas, para o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da UFC, Fábio Paiva, a prioridade também deve ser o combate aos crimes que já viraram rotina na periferia e que geram a maioria dos homicídios. “São centenas de milhares de crimes que não são investigados, que não são tratados pelo poder judiciário e isso passa a ideia de que eu posso matar e, de certa maneira, ficar impune", avalia o especialista.

É como está o assassinato do filho de uma mulher que não quis se identificar, executado no bairro onde morava ao chegar do trabalho. "A minha vida não é mais a mesma. A dor da família é que fica. Na verdade, quem se enterra é a gente", afirma.

A Secretaria de Segurança do Ceará declarou que aumentou em 50% o efetivo da Polícia Civil e em 30% o da Polícia Militar. E também dobrou o número de delegacias especializadas em homicídios.

Na noite deste sábado (24), criminosos atacaram três ônibus em Fortaleza. Ninguém se feriu.

O Globo

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