sábado, 17 de fevereiro de 2018

Palanque de Camilo Santana só tem espaço para Ciro Gomes

No apoio incondicional dos pedetistas à pretensa reeleição do governador Camilo Santana (PT), no pleito deste ano, está implícita a reciprocidade deste ao candidato Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República. Assim, têm certeza os pedetistas, no palanque de Camilo não haverá espaço para alguém falar em outro presidenciável, apesar de a coligação a ser efetivada pelo chefe do Executivo, até o fim do prazo para a realização das convenções partidárias, agosto próximo, poder reunir partidos com candidatos próprios à sucessão do presidente Michel Temer.

O projeto do PDT, sob a liderança de Cid Gomes, é garantir uma expressiva maioria de votos no Ceará para Ciro Gomes, daí admitir-se não haver concessão para qualquer aliado pedir, explicitamente ou não, voto para outro presidenciável.

O senador Eunício Oliveira (MDB), no momento oportuno, será cientificado dessa situação, embora já tenha percebido que o seu acolhimento ao grupo, para compor a chapa majoritária, juntamente com Cid Gomes, disputando as duas vagas no Senado, tenha essa condicionante. Ele poderá até nem pedir votos para Ciro, mas não lhe será permitido defender, no palanque, outro nome para presidente.

A propósito, afora essa situação, não há mais qualquer óbice para todos os políticos do MDB, do PT e do PDT, anunciarem que o senador, presidente do Congresso Nacional, está no bloco estadual governista. O temor da reação dos eleitores com essa aliança, depois da troca de acusações entre eles, durante aproximadamente quatro anos, desapareceu.

Alguns poucos burburinhos, até a realização da convenção homologatória da aliança não mudarão os entendimentos já acertados. O compromisso de Eunício com Lula, por certo, é menos importante que o seu projeto de reeleição, mesmo tendo sido Lula um dos fiadores da aproximação do senador ao governador.

Petistas mais próximo a Camilo reconhecem a significação do apoio dos irmãos Cid e Ciro Gomes, para o projeto do governador. Ao tempo que guardam na lembrança o distanciamento de Lula, quando ainda no auge de sua força política, da campanha de Camilo para ser governador do Ceará. Se ele fosse depender do ex-presidente, dizem alguns, não estaria onde está.

Propósito

Lula teria impedido até a ex-presidente de Dilma Rousseff, disputando a reeleição, de vir ao Ceará, na campanha de 2014, apesar de toda a atenção que ela dispensava ao ex-governador Cid Gomes, a quem fez ministro da Educação.

Toda a consideração emprestada por Camilo a Lula, nos últimos tempos, entendem alguns, tem o propósito de credenciá-lo a poder aproximar petistas a Ciro Gomes, ciente da impossibilidade de Lula ser candidato, agora, principalmente, após a sua condenação em processo crime, tornando-o inelegível por imposição da Lei da Ficha Limpa.

Mesmo antes desse quadro, Camilo já defendia o apoio do PT a Ciro, ao ponto de ter sugerido o nome do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como vice de Ciro Gomes. Realmente, Camilo precisa ser agradável ao PT, pois sem o aprovo do partido no Ceará, ele não poderá ser candidato, a não ser por outra agremiação que venha a se filiar até o início de abril vindouro.

O PDT cearense, realmente, não está preocupado com a relação do governador com a postulação de Ciro. O reiterado discurso de Camilo sobre gratidão e lealdade, soa como recado de comprometimento. Ademais, a consciência de deter uma expressiva força político-eleitoral, o deixa convencido de ter no governador o seu primeiro aliado. As atenções dos pedetistas estão realmente voltadas, agora, para o avanço dos entendimentos mantidos pelo presidente nacional da agremiação, Carlos Luppi, com representantes de outras siglas, buscando alianças.

As indefinições que permeiam o ambiente político brasileiro ainda não permitem fechamentos de acordos, embora as conversas tornem mais próximos os de ideias parecidas. A missão de Ciro, até o momento do fechamento das alianças, é fazer o maior número de pronunciamentos possíveis pelo País.

Edison Silva
DN Online

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