terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Ventania destrói 60 hectares de banana em Cariús (CE)

Uma ventania destruiu cerca de 60 hectares de banana da variedade pacovan na localidade de Maurícia, zona rural deste município, na região Centro-Sul do Ceará na noite deste domingo, 14. Os produtores rurais ainda não totalizaram o prejuízo, mas o clina entre os fruticultores é de desolação. Nas roças, as bananeiras estão caídas e é preciso pelo menos dez meses para a produção ser retomada.

Este é o quinto ano seguido que se registra destruição de bananal por causa de ventos fortes na região. As áreas atingidas ficam localizadas no entorno do Rio Jaguaribe e formam um dos maiores corredores de produção de banana do Ceará. O problema recorrente ocasionou no período queda seguida de safra, desestímulo entre os fruticultores e redução das áreas cultivadas.

Geralmente, a ventania vinha ocorrendo no final do mês de dezembro e atingia áreas variadas nas localidades de Cardoso, Quixoá, Barro Alto em Iguatu, e Maurícia e outros sítios em Cariús. “É um vento forte, vem ligeiro e a gente só escuta o barulho da quebradeira das plantas”, contou o produtor, José Alves Nogueira. “Se demorasse um pouco mais arrancava as telhas das casas”.

Juntamente com o filho, Josimar Nogueira, José Alves, mais conhecido por Josa, perdeu cerca de 90% de uma área de sete hectares de banana na localidade de Maurícia. “Em dezembro de 2016, o vento destruiu o meio do plantio e aproveitamos muitas coisas, mas neste ano perdemos quase tudo”, disse Josimar Nogueira, que ontem passou o dia cortando pés caídos para limpar a área e esperar o rebroto da bananeira.
Em média, pai e filho obtinham uma renda de R$ 600,00 por semana com a venda de três milheiros. “Agora vamos ter de investir novamente e esperar dez meses para começar uma nova produção e enfrentar o risco de uma nova ventania”, disse José Alves.

O fruticultor José Elenilson Bezerra da Silva, mais conhecido por Dedé há cinco anos seguidos enfrenta prejuízos com a queda de parte do bananal de uma área de quatro hectares por causa de fortes ventos. “Estava colhendo oito milheiros por semana, mas agora posso dizer sem exagero que perdi tudo”, lamentou. “Vou ver se ainda colho uns dez milheiros e só daqui um ano terei nova produção, se a ventania não derrubar novamente”.
Pelo menos cinco produtores foram atingidos pelo vendaval somente na localidade de Maurícia, mas no fim da tarde de ontem havia informações de queda de bananeiras, embora em menor escala, em outros sítios. “Aqui o que se tem de fazer é zelar, adubar, irrigar, investir e esperar quase um ano para produzir novamente”, disse o fruticultor, José Ferreira.

Para iniciar o plantio em uma área de um hectare há um custo médio de R$ 25 mil. A variedade mais atingida é a pacovan, cujo pé têm o caule fino e atinge uma altura de cinco metros. Esse porte frágil facilita a ação do vento. Já a variedade nanica (casca verde) tem tronco mais grosso e é de altura reduzida, não é atingida pelo ventania, mas é um fruto mais destinado às fábricas de doces.

Os consumidores preferem a pavocan que tem um fruto amarelo, quando maduro, e de maior dimensão e melhor sabor, destinando-se à mesa. De acordo com o agrônomo, José Teixeira, a alternativa seria o cultivo da variedade prata que é destinada à mesa, é saborosa e tem caules grossos e altura reduzida, mas os fruticultores locais resistem em investir na mudança. “Temos de fazer esse trabalho de conscientização e mudança de variedade a ser cultivada”, frisou Teixeira.

DN Centro Sul
jornalista Honório Barbosa

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