O professor de ética e filosofia Roberto Romano, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), vê como ameaça à própria democracia brasileira o resultado da votação na Câmara dos Deputados que arquivou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB).
"O resultado mostra que efetivamente estamos nos últimos momentos do Estado Democrático de Direito", afirmou nesta quarta-feira (25) ao UOL.
Para Romano, o arquivamento da primeira denúncia, em agosto, e o de agora mostram que "os operadores do Estado não estão mais em condições mínimas de seguir a liturgia dos cargos", como determina a Constituição.
O professor nota a prevalência, no resultado, do "jogo da força bruta do dinheiro", na "cooptação [compra]" do voto dos deputados federais pelo governo Temer. "Não vi tamanha desfaçatez nem no mensalão", comparou Romano, referindo-se ao escândalo da compra de apoio de congressistas em meados dos anos 2000, durante a Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Outro fator que demonstra a ameaça à democracia brasileira é a ausência de participação do eleitor na definição do destino político do país. "O cidadão está totalmente afastado [do nível decisório] e desconfiado dos operadores do Estado", aponta. "O resultado desta quarta-feira é uma volta a mais na descrença popular no sistema representativo [do Congresso]."
Para o professor, o momento se agrava devido à falta de partidos organizados de verdade e de lideranças políticas.
Uol
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