quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Barroso acusa Gilmar de ter parceria com 'leniência de criminalidade do colarinho branco'

Os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizaram um bate-boca no plenário da Corte nesta quinta-feira (26). Barroso disse que Mendes tem parceria com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco. As informações são do O Globo.

"Não transfira para mim esta parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco", afirmou Barroso, em meio à discussão.

A discussão iniciou durante o julgamento de uma emenda à Constituição do Ceará que extinguiu o Tribunal de Contas dos Municípios. A sessão foi encerrada pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, logo em seguida.

A presidente do STF tentou acalmar a situação, mas Gilmar retrucou pouco tempo depois dizendo que tem compromisso com os direitos fundamentais e, por isso, liderou mutirões carcerários que soltaram 22 mil presos quando foi presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Era gente que não tinha sequer advogado. Não sou advogado de bandidos internacionais" retrucou Gilmar, referindo-se ao fato de Barroso ter advogado para o italiano Cesare Battisti antes de ser ministro.

"Vossa Excelência muda a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, isso é estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário", rebateu Barroso.

Barroso não costuma discutir com os colegas em sessões no plenário. Gilmar Mendes, por sua vez, já se desentendeu em algumas ocasiões com outros ministros.

Essa não é a primeira discussão entre os dois. Em junho, durante o julgamento da delação da JBS, o clima também azedou entre os ministros, que têm posições diferentes sobre as regras das delações premiadas. Gilmar chegou a deixar o tribunal, antes da sessão terminar, após bate-boca com Barroso.

Barroso, que votou com a maioria pela manutenção da forma como as colaborações são feitas, reagiu irritado quando Gilmar o acusou de não respeitar posições divergentes.

"Essa é a opinião de Vossa Excelência. Deixe os outros votarem", exaltou-se Gilmar.

"Sim, mas tá todo mundo vontando", respondeu Barroso.

"Claro. E respeite o voto dos outros", reagiu Gilmar.

"Claro, vou plenamente respeitar os votos dos outros. Estou ouvindo Vossa Excelência. Inclusive foi Vossa Excelência que ontem suscitou: a questão não é só essa, temos outras considerações. E em consideração à de Vossa Excelência, eu trouxe a minha. Agora não pode: acho que vou perder e vou embora. Não! Estamos discutindo", devolveu Barroso.

DN Online

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