quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Deputados estaduais aliados do governador Camilo Santana pedem saída de secretários até dezembro

Preocupados com o avanço de alguns secretários estaduais em suas bases eleitorais, deputados aliados do governador Camilo Santana (PT) na Assembleia querem que os gestores, pretensos candidatos ao pleito do próximo ano, sejam exonerados dos cargos até dezembro próximo. O assunto foi colocado em pauta na semana passada, em almoço da base governista, e deve ser levado até o chefe do Poder Executivo pelo líder do Governo na Casa, Evandro Leitão (PDT).

Parlamentares governistas estão insatisfeitos com algumas atitudes de secretários da atual gestão, bem como em relação a gestores da Prefeitura de Fortaleza que, segundo disseram ao Diário do Nordeste, estão realizando ações em municípios do Interior sem a participação devida dos deputados. Na gestão de Cid Gomes, o então governador exonerava seus auxiliares até um ano antes do pleito eleitoral, e é justamente isso que querem agora os governistas.

Os parlamentares demonstram preocupação com a "desvantagem" em relação a gestores estaduais, visto que estes detêm as prerrogativas para realizar ações como construção de equipamentos e melhorias para determinadas comunidades. Além disso, os governistas também reclamam da falta de atenção dada por alguns gestores do Governo Camilo, que não estariam atendendo às demandas parlamentares.

Dois nomes de secretários foram citados por deputados como prováveis candidatos a uma das 46 vagas no Legislativo Estadual. São eles: o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Josbertini Clementino, filiado ao PDT; e o secretário de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira, do PT.

Nicole Barbosa, secretária do Desenvolvimento Econômico do Estado e presidente do PSC Ceará, é apontada como pré-candidata a deputada federal. O nome do secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, também chegou a ser sondado para ocupar um dos assentos na Assembleia, mas ele nega. O secretário de Educação, Ildivan Alencar, também é apontado como possível candidato ao pleito do próximo ano. Outro cotado como candidato é Fernando Santana, secretário-adjunto do gabinete do governador.

Exoneração

Osmar Baquit (PSD) é um dos principais defensores de que os secretários que pretendem ser candidatos deixem os cargos até dezembro. "O que queremos é que não haja desequilíbrio no pleito. Sei que é uma decisão que cabe ao governador Camilo, mas não sugeri em tom de crítica".

Segundo ele, "a prática dos secretários não ajuda a desequilibrar o jogo", o que é defendido, inclusive, pela maioria dos governistas que se sentem prejudicados com a ação dos gestores. Alguns governistas chamaram de "desleal" o conjunto de ações e defenderam a exoneração dos secretários até dezembro.

"Se eu disser que sou contra, vão dizer que estou legislando em causa própria, porque voltando os secretários, eu saio", ironizou Manoel Santana (PT), suplente na vaga de Dedé Teixeira. No entanto, ele destacou que a celeuma faz parte da disputa de espaços políticos, visto que, para alguns, os secretários estão se fortalecendo para a disputa. "Mas o que garante que de fora eles não vão manter influência nas secretarias?", questionou.

Para Carlos Felipe (PCdoB), que também defende a exoneração dos secretários, na gestão é "muito difícil" não politizar uma secretaria, o que termina por comprometer a efetividade das pastas. "O ideal, para não se ter prejuízos para a população, é que o secretário renuncie e vá ser candidato até um ano antes do pleito", sustentou.

Prefeitura

Alguns parlamentares dizem, ainda, que mais grave seria a participação de secretários da gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), de Fortaleza, em ações de municípios com os quais não têm qualquer vínculo. "O prefeito deveria fazer o mesmo que Cid Gomes fez, para assim evitar qualquer comprometimento dos serviços da Prefeitura, porque é desigual", disse um dos deputados governistas.

Para José Sarto (PDT), é natural o interesse de secretários em disputar um cargo eletivo, mas ele opinou que há um limite a ser norteado pela ética. "Em termos de gestão, o secretário que quer ser candidato deveria sair pouco antes de abril. Acho que até por prudência, para o secretário se ausentar antes do que diz a Lei, até para que as secretarias possam fluir normalmente, e tenham como prioridade a gestão e não a política", defendeu.

Diário do Nordeste

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