quinta-feira, 11 de maio de 2017

João Santana cita Lula e diz que decisões dependiam 'da palavra final do chefe'

O marqueteiro João Santana afirmou em delação premiada à Procuradoria-Geral da República que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento dos pagamentos "por fora" feitos à empresa dele no exterior.

Segundo João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais a presidente de Lula em 2006 e 2010 e de Dilma Rousseff em 2014, o ex-ministro Antonio Palocci sempre afirmava que as "decisões definitivas" dependiam da "palavra final do chefe".

Santana disse ter participado de encontros com Palocci nos quais disse ter ficado "claro" que Lula "sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis [a empresa de Santana]".

"Apesar de nunca ter participado de discussões finais de preços ou contratos - tarefa de MONICA MOURA - JOÃO SANTANA participou dos encaminhamentos iniciais e decisivos com ANTONIO P ALOCCI. Nestes encontros ficou claro que LULA sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis, porque ANTONIO P ALOCCI, então Ministro da Fazenda, sempre alegava que as decisões definitivas dependiam da "palavra final do chefe”, diz trecho do documento da delação premiada de Santana.

Procurada, a assessoria do Instituto Lula afirmou: "Não vamos comentar declarações de pessoas que buscam benefícios judiciais. Delações, pela legislação brasileira, não são provas.

O advogado de Palocci, José Roberto Battochio, disse: “Primeiramente, não se conhece com precisão o exato teor dessa suposta delação. Independentemente disso, é certo que nessas ‘delações à la carte’ o cardápio que se apresenta para se oferecer liberdade é sempre o nome do ex-presidente e daquele que foi o principal ministro da Economia do nosso país. É o preço que está sendo cobrado pela liberdade impune”.

Nesta quinta-feira, o ministro Edson Facchin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, determinou a retirada do sigilo das delações premiadas do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Os dois são investigados por indícios de terem recebido dinheiro de caixa 2 por trabalhos em campanhas eleitorais. O ministro também retirou o sigilo da delação de André Luis Reis Santana, funcionário do casal.

G1

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