segunda-feira, 24 de abril de 2017

Marcelo Odebrecht usou seu estilo de negócios no 'departamento da propina'

Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 14/04/2009 - Participants captured during the World Economic Forum on Latin America, Marcelo Odebrecht. Foto: Cicero Rodrigues/World Economic Forum ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O ano de 2006 caminhava para o final quando Marcelo Odebrecht chamou Hilberto Mascarenhas Silva à sua sala no Centro Empresarial Villa Lobos, em São Paulo. Tinha a ele uma proposta: montar uma área para gerenciar os pagamentos de propina da empreiteira.

Há quatro anos no comando da construtora, Marcelo se preparava para assumir a presidência do grupo e precisava de alguém de confiança para a área, considerada central nos negócios da companhia. Próximo da família e com 30 anos de firma, Hilberto era o nome ideal.

A profissionalização do setor de propina era, aos olhos de Marcelo, uma necessidade. Desde o início da década, o conglomerado triplicara o faturamento. Para manter o ritmo dali em diante, em sua visão, seria preciso pagar muito dinheiro, a muitos políticos, de forma eficiente e segura.

Hilberto cumpriu a missão. Montou um setor de propina "padrão Odebrecht", como se diz dentro da empresa. E a companhia prosperou. As receitas aumentaram de R$ 24 bilhões em 2006, ano da gênese do setor, para R$ 132 bilhões em 2015, quando Marcelo foi preso pela Polícia Federal.

Desnudado pela Lava Jato, o esquema de corrupção empresarial da Odebrecht mostrou-se colossal —o maior já descoberto no mundo, nas palavras do governo americano. À luz dos depoimentos da cúpula do grupo, revelou-se quase tão antigo quanto a própria empresa, que cresceu ancorada em contratos públicos e no estreito contato com o poder.

Folha de S.Paulo

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