quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Corpo encontrado em viatura da Polícia Civil de SP é de filho natural de Deputado Irapuan Pinheiro, no Ceará

O corpo encontrado no carro da Polícia Civil é de Cleudinar do Nascimento Rolim, de 19 anos, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). A identificação só ocorreu dias depois que ela foi encontrada morta dentro do veículo estacionado no 77º Distrito Policial (DP), na Santa Cecília, no Centro de São Paulo.

Cleudinar era travesti, mas o nome social dela não foi informado pela pasta.

De acordo com a investigação, ela estaria querendo roubar algo, entrou na viatura pelo porta-­malas, que depois travou a prendendo. Sem conseguir sair do veículo, ela morreu asfixiada, segundo policiais ouvidos pelo G1.

Apesar disso, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) que irá apontar a causa da morte ainda não ficou pronto.

O corpo de Cleudinar foi encontrado sem blusa, com os seios nus, o rosto arroxeado e as mãos ensanguentadas. Os machucados seriam resultado da tentativa de sair do veículo. Uma divisória de acrílico estava quebrada. Ela separa o porta-­malas, onde são levados os presos, da cabine do motorista.

A viatura foi limpa, passou por conserto mecânico e vai voltar a ser usada.

O G1 teve acesso às gravações das câmeras de segurança da delegacia. Feitas no início da manhã de 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, as imagens mostram o momento em que a travesti tenta entrar em carros da Polícia Técnico-­Científica que estavam estacionados no pátio do DP. Sem sucesso, segue caminhando pelo pátio (as filmagens não foram cedidas à imprensa).

Segundo policiais ouvidos pela reportagem, as câmeras não registraram o momento em que ela entra na viatura da Polícia Civil onde acabou morrendo.

De acordo com boletim de ocorrência registrado no próprio 77º DP, a "viatura tinha danos nos vidros, na lataria, fechadura e acrílico interno". Ainda segundo o documento, dois investigadores encontraram o corpo dentro da viatura na manhã de quinta-­feira (13), quando pegaram o veículo para trabalhar.

Investigação

Em nota, a SSP informou que "o caso foi registrado como ‘morte suspeita’" e é investigado pela 1ª Seccional (leia a íntegra abaixo). "As diligências estão em andamento com a oitiva de testemunhas." A pasta acrescenta que "a viatura foi periciada, consertada, lavada e já está em uso novamente. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil".

Foi pedido ao IML da Polícia Técnico-­Científica exames necroscópicos e toxicológicos para apurar a causa da morte e se ela tinha consumido drogas.

Para o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Julio Cesar Neves, a "história foi mal contada". O ouvidor quer saber se houve irregularidade cometida por algum policial. "É estarrecedor aparecer um corpo dentro de uma viatura policial dentro do estacionamento de uma delegacia e a Polícia Civil não explicar isso direito."

Ele afirmou que irá reforçar para o Ministério Público Estadual (MPE) a necessidade de se cobrar as imagens das câmeras de segurança do 77º DP.

Asfixia

Em entrevista aos jornalistas, o delegado Francisco José Castilho, titular do 77º DP, disse que a principal suspeita é a de que a travesti tenha morrido por asfixia após usar uma ferramenta para entrar escondida na viatura e não conseguido sair.

"O laudo do IML [Instituto Médico Legal] vai nos dar com certeza a causa mortis. Mas o que nós temos é isso: foi uma asfixia provocada, uma fatalidade, provocada por ele [a provável travesti]", disse Castilho na quinta-­feira à TV Globo.

Policiais da Corregedoria da Polícia Civil verificaram as imagens "e não constataram irregularidades administrativas", segundo o boletim de ocorrência.

SSP

Leia a íntegra da nota da pasta:

"A Polícia Civil informa que a morte de Cleudinar do Nascimento Rolim, de 19 anos, é investigada pela 1ª Seccional. O caso foi registrado como ‘morte suspeita’. As diligências estão em andamento com a oitiva de testemunhas. A Polícia aguarda a finalização dos laudos periciais. A viatura foi periciada, consertada, lavada e já está em uso novamente. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Civil."

G1

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